O anúncio do novo papa, Leão XIV, originou uma série de discussões sobre sua vida pessoal, incluindo o consumo de álcool. Muitos se lembraram de uma imagem de Robert Francis Prevost, quando ainda era cardeal, em 2004, tirada durante uma festa em Belo Horizonte, onde ele estava desfrutando de uma cerveja. A foto gerou um burburinho nas redes sociais, fazendo com que muitas pessoas se perguntassem se o papa, agora que ocupa o cargo mais alto da Igreja Católica, poderia continuar consumindo bebidas alcoólicas. Afinal, existe uma regra da Igreja Católica que proíbe os líderes religiosos de beberem álcool?
A resposta simples e direta para essa pergunta é não, o papa pode beber álcool, assim como qualquer membro do clero. A Igreja Católica não proíbe o consumo moderado de bebidas alcoólicas. O padre Rafael Santos, de Brasília, foi claro ao afirmar que não há nenhuma regra que impeça o papa ou outros membros do clero de consumirem álcool. O importante, segundo ele, é o consumo responsável e com moderação. A Igreja, de fato, ensina que, quando consumido com equilíbrio, o álcool não é visto como um problema espiritual ou moral.
No entanto, a Igreja Católica orienta a todos, incluindo o clero e os fiéis, a evitarem excessos. Isso está em sintonia com os princípios de equilíbrio e autocontrole promovidos pela doutrina católica. Beber com moderação é considerado não apenas benéfico para a saúde física, mas também para a saúde espiritual. O exagero no consumo de álcool, por outro lado, é desencorajado, pois pode levar a comportamentos que contrariariam os valores cristãos de autocontrole e temperança.
Uma das bebidas alcoólicas mais associadas à Igreja Católica é o vinho, que possui uma importância especial dentro da liturgia. O vinho é usado durante a celebração da Eucaristia, quando o sacerdote consagra o vinho, que, de acordo com a crença católica, se transforma no sangue de Cristo. Esse rito é central para a fé católica, simbolizando o sacrifício de Jesus na cruz. Portanto, o vinho tem um significado religioso profundo dentro da Igreja, e seu consumo está longe de ser desencorajado, desde que seja feito dentro dos limites da moderação.
A tradição do vinho na Igreja Católica remonta aos primeiros séculos da cristandade, quando os primeiros cristãos celebravam a Eucaristia com vinho e pão. Com o passar dos séculos, essa prática se consolidou como parte integral da liturgia e, em algumas regiões, como o Vaticano, o vinho de qualidade tem sido utilizado para a celebração das missas. Por exemplo, a vinícola espanhola Heras Cordón tem sido fornecedora de vinhos para o Estado Papal há mais de 20 anos, sendo escolhida ainda durante o papado de João Paulo II.
A Igreja Católica não considera o vinho como um simples deleite ou indulgência. Seu uso ritualístico é visto como um símbolo de comunhão entre os fiéis e Cristo. Esse simbolismo é tão forte que o vinho usado na missa deve ser produzido de maneira especial, em consonância com os ensinamentos da Igreja sobre pureza e reverência no momento da celebração. Além disso, os sacerdotes que celebram a Eucaristia devem se certificar de que o vinho seja de qualidade e adequado para o sacramento.
Porém, quando se trata de consumo pessoal fora da liturgia, a Igreja, como já mencionado, aconselha moderação. Embora não haja uma proibição explícita, a prática do consumo de álcool deve estar alinhada aos princípios do autocontrole e da responsabilidade. Isso significa que, independentemente do cargo ou da posição do indivíduo dentro da Igreja, o uso excessivo de álcool não é recomendado. A Igreja preza pela dignidade e equilíbrio de seus membros, e esse princípio se aplica tanto ao papa quanto aos fiéis em geral.
Portanto, a questão de saber se o papa pode beber álcool é simples: ele pode, desde que o faça com responsabilidade e moderação. Assim como qualquer cristão, o papa deve seguir os ensinamentos da Igreja em relação ao equilíbrio e ao autocontrole. O vinho, em particular, tem um lugar especial dentro da tradição católica, e seu consumo durante a Eucaristia não apenas está permitido, mas é central para a prática religiosa. No entanto, o consumo de qualquer bebida alcoólica deve sempre respeitar os limites do bom senso e da saúde física e espiritual.
Em conclusão, não há contradição entre a posição do papa e o consumo de álcool. Enquanto as práticas litúrgicas envolvem o uso simbólico do vinho, o consumo pessoal, quando feito com consciência e moderação, é totalmente compatível com a doutrina católica. A Igreja sempre enfatizou a importância do equilíbrio em todas as áreas da vida, incluindo o consumo de alimentos e bebidas. Isso se aplica igualmente a Leão XIV, que, como papa, pode continuar a aproveitar uma bebida alcoólica em momentos apropriados, desde que respeite os valores de moderação e responsabilidade promovidos pela Igreja.
Autor: Dorkuim Lima