A Bíblia Católica é composta por 73 livros sagrados, uma característica que a distingue das versões protestantes, que contêm apenas 66 livros. A questão de por que a Bíblia Católica possui 73 livros sagrados está diretamente ligada ao desenvolvimento do Cânon Bíblico, que foi um processo longo e cuidadoso. Esse número específico de livros não é arbitrário, mas sim fruto de uma tradição que remonta aos primeiros séculos da Igreja, com uma base teológica e histórica sólida. Compreender esse tema exige uma análise da história da Igreja, das decisões conciliares e das escolhas dos pais da Igreja, que definiram os livros inspirados por Deus.
O Cânon da Bíblia Católica foi formado ao longo de vários concílios e eventos históricos. No Concílio de Hipona (393 d.C.) e no Concílio de Cartago (397 d.C.), a Igreja ratificou oficialmente a lista dos livros que hoje fazem parte da Bíblia Católica. Esses concílios confirmaram os 73 livros sagrados, que incluem tanto o Antigo quanto o Novo Testamento. A definição do Cânon foi um processo necessário para garantir que os fiéis tivessem acesso a uma Bíblia autêntica, contendo os escritos que a Igreja reconhecia como inspirados por Deus.
A diferença no número de livros entre a Bíblia Católica e as versões protestantes se dá principalmente por conta dos chamados “livros deuterocanônicos”. A Bíblia Católica inclui sete livros que não fazem parte da Bíblia Hebraica nem da versão grega usada pelos primeiros cristãos, conhecidos como os livros deuterocanônicos: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1 Macabeus e 2 Macabeus, além de partes adicionais de Ester e Daniel. Estes livros foram incluídos no Cânon Católico devido à sua importância teológica e histórica para a Igreja Católica.
A razão pela qual esses livros foram rejeitados durante a Reforma Protestante remonta a questões teológicas e históricas complexas. Martinho Lutero, o líder da Reforma, questionou a canonicidade de certos livros devido ao seu conteúdo, que em muitos casos apoiava a prática de tradições que Lutero considerava excessivas, como o culto aos santos e a intercessão pela oração. Por isso, a Bíblia Protestante não inclui esses livros, enquanto a Igreja Católica os preservou, considerando-os fundamentais para a compreensão completa da revelação divina.
Outro ponto importante para entender por que a Bíblia Católica possui 73 livros sagrados é a tradução da Bíblia para o grego, conhecida como Septuaginta. A Septuaginta era amplamente utilizada pelos cristãos primitivos, especialmente em regiões do Império Romano onde o hebraico não era mais falado. Muitos dos livros deuterocanônicos estavam presentes na Septuaginta, e os primeiros cristãos os consideraram inspirados. A aceitação desses textos nos primeiros séculos foi fundamental para que os mesmos fossem incluídos na Bíblia Católica, enquanto outras versões da Bíblia não os reconheciam.
Além dos livros deuterocanônicos, a Bíblia Católica contém livros que são comuns a outras versões, como os Evangelhos, as Cartas de São Paulo, e o Livro de Apocalipse. Esses livros são considerados por todas as denominações cristãs como parte do Cânon Sagrado, pois são considerados fundamentais para a doutrina cristã. Assim, a diferença no número total de livros não implica em uma divergência teológica sobre os principais ensinamentos da fé cristã, mas sim sobre a inclusão de certos textos adicionais que a Igreja Católica considera inspirados e úteis para a vida cristã.
A preservação dos 73 livros sagrados na Bíblia Católica também tem um impacto significativo sobre a liturgia e os sacramentos da Igreja. Muitos desses textos são utilizados em celebrações litúrgicas, como a missa, e nas pregações dos sacerdotes. A riqueza teológica presente nos livros deuterocanônicos é reconhecida pela Igreja, pois ela entende que esses textos ajudam a aprofundar a fé e a prática cristã. Ao afirmar que a Bíblia Católica possui 73 livros sagrados, a Igreja reforça sua tradição e sua continuidade com os primeiros cristãos.
Por fim, a explicação sobre por que a Bíblia Católica possui 73 livros sagrados não se resume apenas a um debate acadêmico ou teológico, mas tem implicações práticas para a vida dos fiéis. A aceitação desses 73 livros como inspirados e canônicos demonstra o compromisso da Igreja Católica com a preservação da fé cristã conforme foi transmitida ao longo dos séculos. Entender a razão dessa diferença entre as versões bíblicas é essencial para a compreensão da história da Igreja e da fé cristã, permitindo que os católicos apreciem a riqueza de sua tradição sagrada.